Sintra
Lá fora, a chuva cai ininterruptamente. Uma chuva leve, suave e delicada. Nos vidros,
acumulam-se gotículas que reflectem os tons quentes do interior. Lá fora, um
vento suave faz-se ouvir amiúde. Lá fora, o verde dos campos intensifica-se e pinta
os sonhos de uma liberdade contida. Cá dentro, a lenha vai ardendo lentamente,
envolvendo as conversas com o seu calor morno. Cá dentro, desfiam-se novelos de
segredos mal guardados pelo tempo. Cá dentro, sentem-se as palavras proferidas num
limpar de alma sereno, sem ressaltos, sem medos. Cá dentro, o tempo flui sem
pressas, lentamente. Cá dentro.